Blog de Escárnio e Maldizer

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Proclamação da República em Freixo de Espada à Cinta



Freixo pode ficar "atrás-do-Sol-posto", para quem não conhece, claro. Mas uma coisa está escrita, preto no branco (enfim com o tempo deve estar um bocado amarelado): estavam fartos de serem enrolados e a 9 de Outubro de 1910 realizaram uma sessão extraordinária câmara para expressarem o seu agrado pela monarquia ter sido mandada às urtigas.

"...Aberta a sessão às doze horas de dia pelo Sr, Presidente foi dito que em vista da communicação official do Exmº Sr. Administrador deste Concelho - Arthur d'Almeida Guerra - em que pedia que esta Câmara reunisse para saudar as instituições republicanas e adhesão ao novo regimem, elle Presidente tinha convocado a Câmara para tratar desse fim, e, congratulando-se com este fausto acontecimento, disse que tendo sido proclamada no País a Republica, com a maior satisfação esta Câmara, em nome dos povos deste Concelho que ella representa, adheria às novas instituições. Depois o digno Administrador d'este Concelho propôs que fosse proclamada a Republica das varandas do Edifício Municipal para o povo que aguardava no Largo do Município esta formalidade e approvada esta proposta o Presidente fez a proclamação da Republica em nome da Câmara, soltando um Viva à Republica que foi entusiasticamente correspondia e o Exm° Sr. Administrador leu o seguinte discurso que foi applaudido delirantemente par centenas de cidadãos que a este acto foram presentes: Cidadãos! Cumprido as ordens que me foram transmittidas, ao mesmo tempo que era nomeado Administrador deste Concelho, venho perante vós, em nome do actual governo, proclamar a Republica, que o heróico povo de Lisboa, conjugado com o exercito e a armada tão nobremente acaba de implantar na nossa Pátria: Mas para que esta transformação phenomenal produza na nossa vida moral, civil, e económica, os benéficos resultados que há a esperar das novas instituições, torna-se indispensável que todos, e cada um de nós, empenhe os seus esforços no cumprimento dos deveres cívicos. A Pátria, esgotada de todos os recursos por as ruinosas administrações monarchicas mais de uma vez, quasi nos levou à banca rota. Carece que todos os cidadãos lhe dispensem o seu concurso, para se conquistar as antigas glórias com que assombramos o mundo. Por isso, concidadãos acclamêmos a Republica, saudemos a aurora que sorridente nos alumia e caminhemos para o futuro, confiados no patriotismo dos homens que nos governam. Viva a Republica. Viva a Liberdade. Viva a Pátria."

in "Um século com os presidentes da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (1905-2005)" de Jorge Cardoso Duarte, ed. Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta