Blog de Escárnio e Maldizer

Blog de Escárnio e Maldizer

sábado, 18 de setembro de 2010

O reino da cervejola


Quando se julgava que havia limite para o sentido do ridículo, eis, senão quando, a Central de Cervejas decide dar um passo em frente e apresentar a Cerveja Sagres Bohemia como "Fornecedor oficial da Casa Real". Não fosse o brasão de Portugal com uma coroa em cima e julgaríamos que estávamos perante um caso de penetração no mercado espanhol ou inglês. Pura gargalhada!

A justificação dada pela Central de Cervejas (fundada em 1934) é também caricata, ao assumir-se como herdeira das casas cervejeiras existentes no século XIX.

O que já não é caricato é que a Central de Cervejas ajuda à propagação da ideia cor-de-rosa de que existe uma "legitima" Casa Real, 100 anos depois da implantação da República. Convém lembrar que o último rei, D. Manuel II, morreu sem deixar descendência e tudo o que existe neste momento são várias linhagens de parentes afastados do nosso último rei. A Central de Cervejas decidiu contudo explicitamente privilegiar um dos pretendentes assinando um protocolo e dando uma festarola  a comemorar o lançamento da "Real Bejeca".

Como não estamos para alimentar sonhos e convicções alheias já fizemos a nossa escolha:

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Monarquite crónica

A monarquite crónica é uma doença que atinge alguns sujeitos começando por manifesta-se por  uma compulsiva e incontrolável vontade de balbuciar palavras como "Rei", "Hereditariedade", "Legitimidade histórica", etc. Apresenta algumas semelhança com a síndrome de Tourrete, mas é em geral considerado um estado mais grave. Nos circundantes, costuma provocar um estado de desopilação hilariante, o que faz vir as lágrimas aos olhos, pelo que os afectados por esta doença não representam um perigo para a demais população.  Contudo esta doença afecta os neurónios tornando-os azulados, o que impede o paciente de articular um discurso coerente. A longo termo pode conduzir a uma redução da massa cinzenta, como a documentada na radioagrafia junta. Tem origem num virus que se introduz durante a adolescencia no sistema nervoso e embora seja uma condição degenerativa, não é considerada contagiosa tendo em atenção o pequeno número de casos observados a nível nacional. Muita água e ar puro ajudam a atenuar os seus efeitos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mitologia I


Dêmos inicio ao tema dos mitos e armadilhas da propaganda monárquica. Nada melhor que começar pela legitimidade de um regime. O que vem a ser essa coisa? Haverá uma boa definição? A argumentação monárquica bate desaustinadamente na tecla da implantação da República em Portugal através de uma revolução violenta! Recuemos uns séculos e imaginemos que perguntávamos ao senhor Miguel de Vasconcelos (em pleno voo e depois de ter sido arrebanhado de forma mais ou menos pouco simpática do móvel onde estava confortavelmente escondido) se achava que a revolução desse dia 1 de Dezembro não estava a ser nada violenta? Ou recuemos um pouco mais até ao dia em que o senhor Conde Andeiro levou com um cutelo pela pinha abaixo e perguntemos-lhe o que achava da situação. Pouco violenta? Também D. Afonso VII de Castela não deve ter achado nada simpático o levantamento de rancho feito pelo seu primo D. Afonso Henriques. Em conclusão, a implantação da República tem em comum com a implantação e manutenção da Monarquia em Portugal nos séculos passados o facto de terem sido feitas à bruta.  

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O país dos poetas mortos


Lá passou mais um 10 de Junho, dia de Portugal, Camões e das Comunidades (esquecemo-nos de mais alguma coisa?). E continuamos sempre com a mesma pergunta na cabeça: porque carga de água andamos a comemorar a morte de um poeta como dia nacional? Ainda por cima não há nada que nos orgulhemos ai. Na altura a segurança social não funcionava (agora também é o que se vê) e o senhor acabou na miséria. 

O natural seria comemorar um feito histórico. Por exemplo, o 1º de Dezembro com o Miguel Vasconcelos a fazer voo planado e a saída dos Filipões parece bastante adequado a qualquer país que se prese.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O partido impopular


Hoje estamos com falta de imaginação. Portanto vamos recorrer a quem a tem: o Ricardo Araújo Pereira. Aqui fica o link para a crónica "O partido impopular Monárquico".

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A evolução das coisas

Há muito, muito tempo o pessoalão vivia despreocupado. A única coisa em que tinha que pensar era o que ia ser o próximo almoço. Depois começou a andar em grupo e ai começaram as chatices. Havia sempre alguém a querer mandar nos outros. Normalmente o maior brutamontes levava a melhor e os outros amochavam. Isto até vir um brutamontes ainda mais abrutalhado que à força de chapada e pontapé ficava com o lugarzinho de chefe da horda. Com o andar do tempo de um grupito de malta maltrapilha passou-se a coisas chamadas domínios, senhorios etc. Então houve que dar um bocado de dignidade ao fulano que comandava o bando e que à espadeirada, marretada ou ao que houvesse à mão, mantinha os outros na ordem. Inventou-se o lugar de rei. Como a vida era incerta e ninguém sabia muito bem o que ia acontecer no dia seguinte, achou-se que não era má ideia indicar como sucessor do rei o filho do rei. Isto tinha várias vantagens. Diminuia a hipótese de um concorrente ficar com o lugar só porque tinha espetado uma faquinha nas costas do manda-chuva e, cada vez que chegava um novo rei não precisava andar à chapada com meio-mundo. Acontece que o rei sozinho não conseguia manter a malta sossegada dentro do dominio nem evitar que a vizinhança lhe viesse roubar as galinhas, pelo que teve que arranjar uns sub-chefes, pelo menos tão abrutalhados e sequiosos de sangue como ele, pelo que inventou uma coisa chamada a nobreza. O rei simplesmente dava-lhes licença para darem porrada na malta por ele. E assim fomos andando ao longo dos séculos e milénios.

Com o andar do tempo o pessoal foi-se tornando um bocado mais civilizado e nem reis ou nobres andam a distribuir carolos pelo povinho. A primitiva razão para alguém ser rei desapareceu. Mas os descendentes (conhecidos) desse pessoal não ficou lá muito contente com a perspectiva de ir para o desemprego. Por isso inventaram razões tão divertidas como absurdas para manter uma coisa que já não é necessária. O monarca é um símbolo, o representante do povo etc e tal. Porquê? Perguntam. Porque sim, porque tem direito, etc, etc... Isto é, porque é o  "the special one". É preciso ter pachorra.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Já nada é como dantes...

Sempre tivemos a curiosidade de saber quantos reis e rainhas ainda existem. Há 100 anos os número dos países que não tinham o seu monarcazinho era pequeno (basicamente as Américas e França). Graças às maravilhas da wikipédia ficamos a saber que dos actuais 195 países, 44 mantêm monarquias, mas 16 deles têm a mesma rainha! Grande Elizabeth. Assim mesmo é que é! Agora está explicado porque a "old Lady" não dá o lugar ao filho. À semelhança do trisavô Eduardo VII, Carlos desespera para ser rei, um dia...

Não deixa de ser intrigante como um regime tão divertido e cheio de ss e ff foi perdendo popularidade. Deve ter que ver com aquela coisa de que quando se cresce deixa-se de acreditar no Pai-Natal...

sábado, 8 de maio de 2010

Monarquias divertidas


As monarquias têm invenções geniais que não lembram ao diabo. Saíamos para a rua e vamos perguntando a essa cambada de ignorantes que arrastam os pés pela calçada quem é o rei da Austrália. "Quê? Os tipos dos cangurus? É pá, tás parvo ou quê? Então o presidente deles é aquele gajo que....hã...pois não sei. Mas rei é que não têm...".  Pois é verdade. Não têm rei, têm rainha.

A verdade é que tirando os australianos e meia-dúzia de ratos de biblioteca que consultaram a wikipédia ninguém sabe que, não só a Austrália é uma monarquia como a rainha da Austrália é.....a rainha de Inglaterra! É ai que o people abre os olhos esbugalhados e rosna "óh pá tás gozar comigo ou o quê?".

Os australianos são mesmo uns cromos, mas já chegaram tarde. Não inventaram nada. No inicio do século XVIII já o pequeno principado de Neuchatel tinha escolhido como príncipe  soberano o rei da Prússia porque dos pretendentes ao lugar, esse era o que estava mais longe! Os australianos apenas levaram o conceito um pouco mais além. Têm uma rainha que está do outro lado do mundo. Quem paga a factura são os britânicos e eles só têm que fazer uma festança de quando em vez,  quando sua majestade está aborrecida e decide ir espairecer um pouco.  

Nós no República-Viva também achamos que é o único tipo de monarquia aceitável. Seguindo o exemplo da Austrália, Portugal poderia escolher um monarca no outro lado do mundo, um assim com bastante carcanhol. Humm, talvez o imperador do Japão. Esse ao menos já não fica com os olhos em bico por nossa culpa.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Por qué no te callas?


Ser-se Presidente da República é um aborrecimento! Diríamos mesmo que é uma experiência a que nenhum ser humano devia ser submetido. Geralmente o Presidente tem que tomar decisões. O que convenhamos é uma coisa que ninguém quer fazer. No final do mandato é-se avaliado por essa massa anónima, que nunca está satisfeita com nada e que dá pelo nome de eleitorado. Ser-se Rei é muito mais divertido e selecto. Antigamente era-se Rei por vontade divina. Com o tempo encontrou-se um motivo ainda melhor. O pai ou avô já era Rei. E não se fala mais no assunto. O Rei não tem que dar cavaco a ninguém e não é responsável por nada. Por exemplo, na constituição espanhola pode ler-se "La persona del Rey es inviolable y no está sujeta a responsabilidad." Ou seja o Rei é irresponsável. Pode fazer como lhe dá na Real gana. Ora num país como Portugal, em que metade da população nunca é culpada de nada e a outra metade não quer saber de nada, dava mesmo jeito ter um irresponsável como Chefe de Estado. Ao menos éramos coerentes!

domingo, 25 de abril de 2010

Ao herói


Ao herói da revolução a quem devemos a III República: Capitão Salgueiro Maia

sábado, 24 de abril de 2010

A mim ninguém me cala


O tiro de partida para as presidenciais de 2011 foi dado e o camarada Manuel Alegre não quis esperar por ninguém.

Uma coisa chata que os republicanos têm, é que gostam que o Chefe de Estado faça boa figura e já agora produza qualquer coisa que se veja (politicamente falando).

O "background" do que anteriormente o candidato à presidência conseguiu como figura politica ou pública parece ser um bom indicador do que poderemos esperar como 1ª figura do Estado.

O República-Viva deu uma pequena volta pelo cyberspace à procura do que têm sido os acomplishments do camarada Manuel Alegre e, o que descobrimos publicamos de seguida:
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Bom então? Não há uma lei "Alegre"? Talvez quando foi Ministro...Ah não foi...Talvez quando foi secretário de Estado? Ah, nada de relevante por esse lado! E Presidente de Câmara...Junta de Freguesia...pois compreende-se. Quem quer passar o tempo com esse pessoal dos municípios.

Ok, não há problema. Com este impressionante nível de concretização, seguramente que podemos contar com muitas, ... poesias na presidência!

domingo, 18 de abril de 2010

Vivam as princesas (suecas)!

Aqui no República-Viva vamos abrir uma excepção para elogiar a monarquia...sueca. Também por cá não nos importávamos de ter uma princesa como Madalena Teresa. Infelizmente não é o que sucede. Talvez seja por isso que a monarquia não tem maior número de adeptos neste país!

sábado, 17 de abril de 2010

Caça ao poste


O pessoal da coroa ameaça encher o país de bandeiras azuis e brancas. Não vai haver poste que escape. Editaram até um manualzito de como plantar à sucapa uma bandeira azul e branca, como se pode aliás ver nestes dois arriscadissimos exemplos. Nós aqui no República-Viva tomamos a sério esta tenebrosa conspiração e achamos que as autoridades não devem ficar quietas. Sugerimos que cada poste neste país seja rigorosamente vigiado, por exemplo por um dos magalas que anda a fazer a recruta e só dá despesa ao Estado. Assim ao menos sempre aprendiam a montar uma sentinela!

terça-feira, 30 de março de 2010

Adivinham quem é?


Os monarcas europeus são gente conhecidíssima. Há uns tempos atrás o rei da Noruega andou de visita em Portugal. Vejam que o senhor até se deu ao trabalho de ir visitar um supermercado. Enfim coisas da realeza. A questão é que tirando o pessoal da comitiva, ninguém sabia quem era aquele senhor muito simpático. Parece impossível!

Isso lembrou-nos aqui no República-Viva de fazer um pequeno jogo. Vamos lá a ver se adivinham quem é quem dos monarcas europeus. Deixámos de fora, claro está, a rainha de Inglaterra (demasiado óbvio), o rei de Espanha (caramba, é aqui nosso vizinho) e o babaladíssimo Alberto do Mónaco. Todas as garotas que lêem a Caras ou a Hola! topavam-no em três tempos.

Vá olhem para as fotos e tentem adivinhar. Não vale espreitar a solução...



domingo, 28 de março de 2010

Quanto custa a República?


Os monárquicos sempre foram pessoal de gostar de festanças e touradas.  Quando toca a fazerem contas é que são um bocado mais fraquitos. Mas compreende-se. Está no sangue. Já no seu tempo o Marquês teve que admitir que a malta da nobreza queria era touradas e espadeirada e mandou retirar o laboratório que tinha mandado construir a peso de ouro do Colégio dos Nobre e mandou-o para Coimbra. 

Em dois séculos e meio os monárquicos continuam a apanhar muito Sol na moleirinha (é o que faz andar sempre nas touradas) e continuam a não perceber como se faz uma contita simples.

O blogue piadético Centenário da República desenterrou a dotação orçamental da Casa Real Portuguesa em 1910 (501 contos ou 10 M€ na moeda actual) e comparou-o com o orçamento da Presidência da República, (cerca de 17 M€) concluindo que "A República custa aos Portugueses de 2010, mais 68,88% do que a Monarquia custava aos Portugueses de 1910".

Pasme-se! É a mesma coisa que dizer que uma carcaça, feita a correcção monetária custava cinco cêntimos e agora custa dez. So what? E quanto ganhava o pessoal na altura, ehn??? Ai! temos que ensinar tudo a esta malta das touradas.

Vá lá, aqui o República-Viva vai dar uma ajudinha, mas é só desta vez.! Se consultamos o documento das despesas dos órgãos de Estado verificamos que a dotação orçamental do PR é uma migalha nas despesas do estado apenas 0,01% do total!!! Agora para saber quanto gastava o D. Carlos vamos a um artigozinho do Prof. David Justino  (Análise Social, vol. XXIII (97), 1987-3.°, 451-461) verificamos em 1910 os Gastos Gerais do Estado foram avaliados em 70800 contos e que os gastos da Casa Real representaram 0,7% desse valor. Ohhhhhh, escândalo, afinal aquilo era um fartote de festanças, caçadas e fatinhos todos janotas. A manutenção da Casa Real em 1910 custava  70 vezes mais que a manutenção da Presidência da República em 2010. E agora, quem fica mais caro?

Foge cão

Isto antigamente é que era bom. Toda a gente tinha direito ao seu titulozinho. Até Almeida Garrett que terá proferido a célebre frase “Foge, cão, que te fazem barão. Para onde? Se me fazem visconde.” 30 anos depois quando o fizeram MESMO Visconde já tinha mudado de ideias. Agora como já não é possível arranjar-se títulos de nobreza, o pessoal tem que contentar-se com títulos mais banais como doutor, engenheiro, etc., para os quais tem mesmo que trabalhar para os obter (bem, pelo menos alguns) e não os pode passar à descendência. Um inconveniente sério. Dava cá um jeitaço não ter que andar a pagar propinas. Enfim.

Após a instauração da República cá pelo burgo, os títulos de nobreza foram abolidos, para a descendência. Isso não deixou lá muito contente o pessoal que estava à espera de herdar um prefixo para ajeitar o nome. E com toda a razão.
Mas há luz ao fundo do túnel para quem queira o seu titulozinho.
Agora, ao que parece, há uma instituição privada que, não só autentica os antigos títulos, como concede novos títulos de nobreza (é pelo menos o que soa por ai). O República-Viva ainda não percebeu bem como isto funciona. Parece que as Repúblicas, mesmo as das Bananas são conhecidas por não terem monarca. Logo não há títulos de nobreza para ninguém, né? Bom diremos qualquer coisa ao pessoal interessado assim que houver novidades.

As nossas bandeiras


O pessoal monárquico passa o tempo a dizer mal da bandeira verde-rubra da república. Que não respeita a tradição, que não é a verdadeira bandeira e outras tolices do género. Claro que para malta que às 7h da matina já vai no comboio ao lado do gajo que há uma semana se esquece sistematicamente de tomar banho, isso é absolutamente irrelevante. Vão lá perguntar que bandeira preferem - "a do Glorioso, pá, tá-se mesmo a ver".

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Berlengas a Reino, já!


Deve haver um problema qualquer com os regimes monárquicos, mas ainda não deu para perceber qual. Afinal um tipo de regime tão bom devia ter sido escolhido pelo novos países que se foram criando por essa Europa fora. O pessoal deve ser mesmo tapadinho, porque todas as novas nacionalidades criadas na Europa no último século optaram por regimes republicanos. Malta mesmo sem gosto. Povão. É no que dá deixar estas coisas à escolha de gentinha. Sim que antigamente não era assim. Agora temos 10 monarquias na Europa. Mas há esperança de vermos em breve pelo menos mais uma. Parece que um bacano, farto de pagar impostos à República Portuguesa, comprou uma ilhota na orla da Madeira e declarou-se príncipe do território. Assim mesmo é que é!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Proclamação da República em Freixo de Espada à Cinta



Freixo pode ficar "atrás-do-Sol-posto", para quem não conhece, claro. Mas uma coisa está escrita, preto no branco (enfim com o tempo deve estar um bocado amarelado): estavam fartos de serem enrolados e a 9 de Outubro de 1910 realizaram uma sessão extraordinária câmara para expressarem o seu agrado pela monarquia ter sido mandada às urtigas.

"...Aberta a sessão às doze horas de dia pelo Sr, Presidente foi dito que em vista da communicação official do Exmº Sr. Administrador deste Concelho - Arthur d'Almeida Guerra - em que pedia que esta Câmara reunisse para saudar as instituições republicanas e adhesão ao novo regimem, elle Presidente tinha convocado a Câmara para tratar desse fim, e, congratulando-se com este fausto acontecimento, disse que tendo sido proclamada no País a Republica, com a maior satisfação esta Câmara, em nome dos povos deste Concelho que ella representa, adheria às novas instituições. Depois o digno Administrador d'este Concelho propôs que fosse proclamada a Republica das varandas do Edifício Municipal para o povo que aguardava no Largo do Município esta formalidade e approvada esta proposta o Presidente fez a proclamação da Republica em nome da Câmara, soltando um Viva à Republica que foi entusiasticamente correspondia e o Exm° Sr. Administrador leu o seguinte discurso que foi applaudido delirantemente par centenas de cidadãos que a este acto foram presentes: Cidadãos! Cumprido as ordens que me foram transmittidas, ao mesmo tempo que era nomeado Administrador deste Concelho, venho perante vós, em nome do actual governo, proclamar a Republica, que o heróico povo de Lisboa, conjugado com o exercito e a armada tão nobremente acaba de implantar na nossa Pátria: Mas para que esta transformação phenomenal produza na nossa vida moral, civil, e económica, os benéficos resultados que há a esperar das novas instituições, torna-se indispensável que todos, e cada um de nós, empenhe os seus esforços no cumprimento dos deveres cívicos. A Pátria, esgotada de todos os recursos por as ruinosas administrações monarchicas mais de uma vez, quasi nos levou à banca rota. Carece que todos os cidadãos lhe dispensem o seu concurso, para se conquistar as antigas glórias com que assombramos o mundo. Por isso, concidadãos acclamêmos a Republica, saudemos a aurora que sorridente nos alumia e caminhemos para o futuro, confiados no patriotismo dos homens que nos governam. Viva a Republica. Viva a Liberdade. Viva a Pátria."

in "Um século com os presidentes da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (1905-2005)" de Jorge Cardoso Duarte, ed. Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta