Blog de Escárnio e Maldizer

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

A evolução das coisas

Há muito, muito tempo o pessoalão vivia despreocupado. A única coisa em que tinha que pensar era o que ia ser o próximo almoço. Depois começou a andar em grupo e ai começaram as chatices. Havia sempre alguém a querer mandar nos outros. Normalmente o maior brutamontes levava a melhor e os outros amochavam. Isto até vir um brutamontes ainda mais abrutalhado que à força de chapada e pontapé ficava com o lugarzinho de chefe da horda. Com o andar do tempo de um grupito de malta maltrapilha passou-se a coisas chamadas domínios, senhorios etc. Então houve que dar um bocado de dignidade ao fulano que comandava o bando e que à espadeirada, marretada ou ao que houvesse à mão, mantinha os outros na ordem. Inventou-se o lugar de rei. Como a vida era incerta e ninguém sabia muito bem o que ia acontecer no dia seguinte, achou-se que não era má ideia indicar como sucessor do rei o filho do rei. Isto tinha várias vantagens. Diminuia a hipótese de um concorrente ficar com o lugar só porque tinha espetado uma faquinha nas costas do manda-chuva e, cada vez que chegava um novo rei não precisava andar à chapada com meio-mundo. Acontece que o rei sozinho não conseguia manter a malta sossegada dentro do dominio nem evitar que a vizinhança lhe viesse roubar as galinhas, pelo que teve que arranjar uns sub-chefes, pelo menos tão abrutalhados e sequiosos de sangue como ele, pelo que inventou uma coisa chamada a nobreza. O rei simplesmente dava-lhes licença para darem porrada na malta por ele. E assim fomos andando ao longo dos séculos e milénios.

Com o andar do tempo o pessoal foi-se tornando um bocado mais civilizado e nem reis ou nobres andam a distribuir carolos pelo povinho. A primitiva razão para alguém ser rei desapareceu. Mas os descendentes (conhecidos) desse pessoal não ficou lá muito contente com a perspectiva de ir para o desemprego. Por isso inventaram razões tão divertidas como absurdas para manter uma coisa que já não é necessária. O monarca é um símbolo, o representante do povo etc e tal. Porquê? Perguntam. Porque sim, porque tem direito, etc, etc... Isto é, porque é o  "the special one". É preciso ter pachorra.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Já nada é como dantes...

Sempre tivemos a curiosidade de saber quantos reis e rainhas ainda existem. Há 100 anos os número dos países que não tinham o seu monarcazinho era pequeno (basicamente as Américas e França). Graças às maravilhas da wikipédia ficamos a saber que dos actuais 195 países, 44 mantêm monarquias, mas 16 deles têm a mesma rainha! Grande Elizabeth. Assim mesmo é que é! Agora está explicado porque a "old Lady" não dá o lugar ao filho. À semelhança do trisavô Eduardo VII, Carlos desespera para ser rei, um dia...

Não deixa de ser intrigante como um regime tão divertido e cheio de ss e ff foi perdendo popularidade. Deve ter que ver com aquela coisa de que quando se cresce deixa-se de acreditar no Pai-Natal...

sábado, 8 de maio de 2010

Monarquias divertidas


As monarquias têm invenções geniais que não lembram ao diabo. Saíamos para a rua e vamos perguntando a essa cambada de ignorantes que arrastam os pés pela calçada quem é o rei da Austrália. "Quê? Os tipos dos cangurus? É pá, tás parvo ou quê? Então o presidente deles é aquele gajo que....hã...pois não sei. Mas rei é que não têm...".  Pois é verdade. Não têm rei, têm rainha.

A verdade é que tirando os australianos e meia-dúzia de ratos de biblioteca que consultaram a wikipédia ninguém sabe que, não só a Austrália é uma monarquia como a rainha da Austrália é.....a rainha de Inglaterra! É ai que o people abre os olhos esbugalhados e rosna "óh pá tás gozar comigo ou o quê?".

Os australianos são mesmo uns cromos, mas já chegaram tarde. Não inventaram nada. No inicio do século XVIII já o pequeno principado de Neuchatel tinha escolhido como príncipe  soberano o rei da Prússia porque dos pretendentes ao lugar, esse era o que estava mais longe! Os australianos apenas levaram o conceito um pouco mais além. Têm uma rainha que está do outro lado do mundo. Quem paga a factura são os britânicos e eles só têm que fazer uma festança de quando em vez,  quando sua majestade está aborrecida e decide ir espairecer um pouco.  

Nós no República-Viva também achamos que é o único tipo de monarquia aceitável. Seguindo o exemplo da Austrália, Portugal poderia escolher um monarca no outro lado do mundo, um assim com bastante carcanhol. Humm, talvez o imperador do Japão. Esse ao menos já não fica com os olhos em bico por nossa culpa.